domingo, 8 de agosto de 2010

'A ideia do Brasil no exterior é muito limitada', diz americano

A Mesa “Nacional, estrangeiro” reuniu neste domingo (8) o biógrafo Benjamin Moser e Berthold Zilly, tradutor de “Os Sertões” para o idioma alemão, com mediação do jornalista Claudinei Ferreira, que em sua apresentação afirmou que há uma presença constante da literatura brasileira no exterior.

“Desde o século 19 a literatura brasileira está poresente na Alemanha: José de Alencar, Gonçalves Dias e outros autoires foram traduzidos lá, mas sob a ótica do exotismo, da cor local", afirmou Zilly. "Somente a partir dos anos 50 do século 20 os escritores brasileiros passaram a ser percebidos, lidos e comentados como parte da literatura universal, sobretudo com a tradução dos romances de Machado de Assis. E acredito que hoje o crescente interesse da Europa pela política e pela economia da América Latina se refletem também na procura pela literatura do continente”, completou.

Para Moser, autor de uma bem-sucedida biografia de Clarice Lispector, a literatura brasileira não é uma coisa só. “Acho que essa clasificação sugere uma literatura unificada, e o leitor de outros países não a percebe assim. Um leitor na Holanda não procura literatura brasileira nas livrarias, procura a obra de um determinado autor. Ou seja, a qualidade dos autores é mais importante que o passaporte. Mas a ideia do Brasil no exterior é muito limitada”.

'O Brasil é muito fácil de vender'
Ainda assim, a necessidade de uma política oficial de difusão da nossa literatura no exterior foi um tema recorrente no debate: foi lembrada, por exemplo, a atuação do Instituto Camões para as letras portuguesas, e do Instituto Goethe para as letras alemães. Zilly lamentou a descontinuidade de mecanismos de apoio à pesquisa sobre autores nacionais, como o que existia em Oxford e foi recentemente extinto.

Mas Zilly relativizou. “Não acho que se deva falar mal da política cultural do Brasil no exterior, porque se fazem coisas interessantes em outras áreas: o Grupo Corpo e o Grupo Oficina, por exemplo, são conhecidíssimos na Alemanha”. Moser enfatizou, por outro lado, que o Brasil está vivendo um momento bom historicamente. E acrescentou: “O Brasil é muito fácil de vender, tem muita coisa atraente.É importante que haja mais iniciativas, públicas e privadas.”

Mas o momento alto do debate foi quando, falando sobre o preconceito das elites culturais do Brasil contra Paulo Coelho, Moser falou: “Se a gente nos Estados Unidos tivesse vergonha de toda a m... cultural que exporta...”. Nem conseguiu terminar a frase, por causa dos aplausos da plateia em êxtase.

Em seguida, curiosamente, comentou que sua biografia de Clarice está sendo traduzida para o português de Portugal, já que a tradução brasileira foi rejeitada pelos editores portugueses.

Notícia de Luciano Trigo do G1




2 comentários:

  1. Temos aí um retrato do Brasil no estrangeiro... Nós somos vistos positivamente em alguns aspectos e negativamente em outros... O que não pode ocorrer é sermos vistos mais de forma negativa do que positiva, sobretudo na Literatura(boa), que é uma de nossas maiores preciosidades.

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  2. As visões que um povo tem de outro são realmente interessantes. Um problema a mais para o nosso país, ao meu ver, é o fato não só de termos uma imagem pouco respeitada no exterior, mas também a incapacidade e incompetência das autoridades responsáveis por divulgar o nosso país de combater e tentar minimizar essa nosso esteriótipo de nação do futebol e biquini.

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